sexta-feira, 3 de outubro de 2008

As eleições se aproximam

É praticamente véspera de eleições e alguns fatos novos podem ser observados no que tange a comunicação política. Além dos tradicionais 'santinhos', por exemplo, centenas de malas diretas chegaram via correio às casas dos eleitores. Houve, também, um aumento notável no número de cabos eleitorais, alguns deles chegando a ligar para o celular de eleitores para pedir votos.

Ainda sobre cabos eleitorais, tenho a impressão de que muitos deles não estão necessariamente sendo remunerados. São simpatizantes que, devido ao acirramento da disputa, passaram a tentar convencer os eleitores indecisos das vantagens de se eleger determinado candidato. Com a aproximação do 'dia D', acredito, indecisos se posicionam e, então, podem até virem a se tornar cabos também.

Os carros de som, por sua vez, tomaram as avenidas centrais, principalmente na hora do rush, disputando espaço e atenção do público e, em seu conjunto, causando um ruído ensurdecedor, quase ininteligível.

E por falar em carros de som, os jingles dessa campanha merecem um capítulo a parte. Ficou evidente a predileção dos candidatos pela música sertaneja e pelo samba. Ritmos populares e apelo emocional para atingir a massa. Mas também se ouviu hip hop, música tradicionalista gaúcha e reedição de jingles de eleições passadas.

Com a ajuda dos 'universitários' e do Google, consegui identificar alguns compositores e músicas que foram usadas pelos políticos em suas campanhas: Duduca e Dalvan (Espinheira), Victor e Léo (Amigo apaixonado), Hélio dos Passos (Fica Comigo Agora) e Jorge e Mateus (Pode chorar).

"Pode chorar"... Pensando bem, tem cada uma que é de chorar mesmo!

Outras práticas eleitorais

Política é coisa séria. Ou pelo menos deveria assim ser encarada. Mas como no Brasil, infelizmente, a política e a corrupção andam de mãos dadas, uma imensa quantidade de eleitores simplesmente não leva a sério o processo eleitoral. Ficam indiferentes, votam em branco, anulam o voto e assim demonstram seu repúdio ao festival de promessas de mudança que se repete a cada eleição.

É pertinente que uma campanha trate das origens do candidato, de sua vida profissional e destaque suas qualidades. O objetivo é gerar buzz positivo e dessa forma assegurar um número de votos suficiente para garantir sua eleição. Contudo, não satisfeitos em falar bem de si, é comum muitos candidatos incorporarem estratégias de crítica e ataques aos adversários. É então que se dá a contrapropaganda.

No livro “O que é propaganda ideológica”, o autor Nelson Jahr Garcia (p.60) explica que a contrapropaganda é o recurso utilizado por um grupo na busca de neutralizar as idéias contrárias, quando não consegue obter o monopólio das informações através do controle ideológico.

O autor escreve que a contrapropaganda se caracteriza pelo emprego de algumas técnicas que visam a amenizar o impacto das mensagens opostas, anulando seu efeito persuasivo. Procura colocar as idéias dos adversários em contradição com a realidade dos fatos, com outras idéias defendidas por eles próprios ou em desacordo com certos princípios e valores aceitos e arraigados entre os receptores. Outras vezes, atua de forma indireta, tentando desmoralizar as idéias, não pela indicação das contradições que envolvem, mas pela crítica à personalidade ou comportamento daqueles que a sustentam. Critica-se o sacerdote para desmerecer o conteúdo de suas pregações, ataca-se alguns dirigentes políticos para combater a filosofia adotada pelo governo e assim por diante.

A contrapropaganda, na prática, se concretiza através da emissão de mensagens que, associadas aos argumentos ou à personalidade dos adversários, despertam reações negativas. A apresentação de fatos que estejam em contradição com as mensagens adversárias, sugerindo sua falsidade, irrealidade ou absurdo, é realizada com o intuito de despertar dúvida em relação a elas. Os fatos que se contrapõem às idéias da propaganda adversária costumam ser totalmente forjados. Não tendo condições de verificar, através de fonte segura, a veracidade ou não das informações, os receptores tendem a aceitá-las ou, ao menos, permanecem indecisos.



A contrapropaganda também atua sobre o temor, mostrando que as idéias adversárias, se concretizadas, podem causar graves prejuízos e malefícios às pessoas. Quem não se lembra da campanha eleitoral de 2002, quando a atriz Regina Duarte falou no programa eleitoral de José Serra sobre os riscos de uma eleição de Lula. No vídeo de 1 minuto, Regina lê um texto criado pelo publicitário Nizan Guanaes, no qual repete 4 vezes a palavra "medo". Todavia, o testemunhal não logrou êxito e Lula venceu aquela eleição.

A contrapropaganda também é realizada no sentido de despertar desprezo pelos adversários e suas idéias, associando-os a situações contrárias aos princípios e valores respeitados pelos receptores. Os comentários que se fazem a respeito de alguns dirigentes governamentais, acusando-os de desonestos, corruptos, homossexuais e, até mesmo, de traídos pelas esposas, visam desmoralizá-los e gerar desprezo pelas propostas e idéias que defendem.

Os veículos de comunicação, constantemente, difundem charges, apelidos e sátiras que desmoralizam e desfiguram dirigentes e líderes políticos, tornando-os engraçados ou mesmo ridículos. Quebram, assim, a imagem de respeito que estes pretendiam impor e afetam o conteúdo de suas afirmações.

A contrapropaganda, portanto, é o instrumento utilizado por um grupo, através das formas e recursos mencionados, visando neutralizar a força das teses e argumentos da propaganda adversária. Dessa forma, amenizando-o efeito persuasivo das idéias contrárias às suas, o grupo pode desenvolver sua própria campanha de propaganda, sem a necessidade de recorrer a outros artifícios e precauções que esclareçam a razão das diferenças entre suas propostas e as alheias.