quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Grandes num encontro insólito



Procurando por retratos de personagens históricos anteriores à invenção da fotografia, me deparei com esta obra recente que achei extraordinária. Trata-se de uma pintura a óleo feita em 2006 pelos chineses Dai Dudu, Li Tiezi e Zhang An, na qual eles conseguiram reunir a maior quantidade de figuras históricas de que eu tenho notícia. Em número de 'cabeças', o quadro supera de longe a capa do Sargent Peppers, porém, é claro, sem a mesma fama do clássico álbum dos Beatles.

Notadamente, cada personagem na pintura não é apenas mais um anônimo como num cenário de 'Onde está Wally?', no qual a função de todos os demais é dificultar a localização do protagonista. Até mesmo porque, na obra dos chineses, todos foram protagonistas em algum momento histórico. Por trás de cada rosto, seja ele de um artista, atleta ou político, há uma história que o fez ficar em evidência, que a destacou de seus contemporâneos. Você naturalmente vai se identificar com vários deles.

Mas algo que chamou muito a minha atenção foram as situações inusitadas que esta idéia permitiu. Ora, onde mais poderíamos ver Beethoven tocando piano para Hitler? Ou o presidente republicano Abraham Lincoln 'trocando uma idéia' com o líder comunista Mao Tsé-Tung? Ou ainda Yasser Arafat, com seu inconfundível turbante, posando risonho ao lado de Marilyn Monroe? Cômico, no mínimo. A propósito, alguém consegue encontrar algum brasileiro além do Pelé?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Reflexões sobre arte e publicidade

Arte, segundo a Wikipedia, é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e idéias, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores. No sentido moderno, o termo arte pode se referir a atividade artística ou o produto da atividade artística.

Entretanto, troque-se artistas por publicitários e espectadores por público-alvo e perceberemos que a arte e a publicidade têm muito em comum. Obviamente existem diferenças, mas tanto uma quanto a outra são suscetíveis à exibição e interferem nos pensamentos e/ou sentimentos de quem as vê ou ouve.

Já ouvi que o artista cria com total liberdade, ao passo que o trabalho do publicitário é restringido pelos interesses de um anunciante. Ora, mas quantas obras de arte só existem porque alguém as encomendou? Uma das mais célebres pinturas de toda a história, o teto da Capela Sistina, por exemplo, foi contratada a Michelangelo pelo Papa Júlio II. Neste contexto, o sacerdote em questão é equivalente ao anunciante na publicidade, ou seja, aquele que contrata e paga pelo serviço.

Há, contudo, obras que não são previamente contratadas e temos então uma grande diferença. Enquanto a publicidade é contituída de uma peça que servirá para vender produtos, a arte contitui o próprio produto. Em outras palavras, a arte pode existir por si só e pode até não ser vendida, mas a publicidade depende de um produto para existir e é necessariamente vendida ao anunciante que a contratou.

Outro ponto de convergência entre arte e publicidade é a necessidade de um meio para sua exibição. O rádio, por exemplo, é utilizado tanto para jingles e spots (publicidade) quanto para músicas (arte). A televisão, por sua vez, é um meio que exibe filmes (arte) e comerciais (publicidade). Quanto a Internet, num mesmo site é possível se encontrar fotografias artísticas e e-books (arte) e banners divulgando produtos (publicidade).

Seria possível, contudo, se fazer publicidade de uma obra de arte? Claro. É o caso dos cartazes de filmes, anúncios de peças de teatro e dos spots sobre shows. E seria verdadeira a recíproca? Sim, embora bem menos comum. É o caso, por exemplo, das colagens e das esculturas feitas com material alternativo (anúncios e embalagens de produtos).