quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A corrida pelo poder

Aproximam-se as Eleições 2008, nas quais os eleitores brasileiros deverão escolher os prefeitos e vereadores para os próximos 4 anos. Mas antes das eleições, e por causa delas, as ruas e a mídia são tomadas por um imenso aparato de comunicação gerado por esses cidadãos que almejam o poder. Mas como se chama, afinal, os esforços concentrados e temporários de comunicação com fim eleitoral? Para ser mais específico, é Propaganda ou Publicidade?

Neusa Demartini Gomes tem a resposta para esta dúvida. Em seu livro “Formas persuasivas de comunicação política”, a autora explica que, tecnicamente, existe uma grande diferença entre Propaganda e Publicidade: Propaganda vem de Propaganda Fidae, ou propagação da fé, campanha realizada pela Igreja Católica, a partir do século XVI. Mas é tão antiga quanto o homem, já que existe desde quando existem relações de poder entre dominantes e dominados. Destas remotas origens, quando não havia produtos comerciais, e da apropriação da Igreja Católica para sua ação doutrinadora, hoje se aplica o termo ao conjunto de regras e técnicas empregadas para propagar idéias.

Já a Publicidade, conforme a autora, é o conjunto de regras e técnicas empregadas para divulgar produtos e serviços. É um fenômeno do nosso século, posterior à revolução industrial e ligada diretamente à sociedade de consumo.

Ok, até aí. Os candidatos divulgam e sustentam idéias com o objetivo de persuadir os eleitores a votar neles: propaganda. Mas não seria o candidato uma espécie de 'produto comercial' (o objeto da publicidade) que pode ou não ser escolhido nas prateleiras do supermercado 'Democracia'?

É então que se faz pertinente outro termo, "Comunicação Política", também usado por Neusa Demartini Gomes, e que, por sua vez, abrange os esforços de publicidade e propaganda utilizados no meio político. Segundo a autora, a "Comunicação Política" pode ser dividida em dois grupos principais:

- Publicidade eleitoral: lançamento e manutenção de políticos (pessoas e não das idéias que sustentam), normalmente feita em época de eleições. É apresentada na forma de spot de rádio e tv, folhetos, cartazes, out-doors e adesivos para carros;

- Propaganda política: comunicação persuasiva que visa conquistar militantes, simpatizantes ou adeptos a um partido político. É apresentada na forma de reportagens, entrevistas, documentários e editoriais.

Em suma, os dois tipos podem ser (e são) concomitantemente utilizados neste período que precede as eleições. Os carros de som, horário eleitoral em rádio e tv, anúncios em mídia impressa e exterior que disputam ferrenhamente a atenção dos eleitores, constituem a Publicidade eleitoral. Já a propaganda política inclui o boca-a-boca dos militantes e cabos eleitorais, bem como a divulgação de pesquisas sobre as preferências do eleitorado.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A colaboração online

A internet é um lugar onde a filantropia e os negócios convivem harmoniosamente. De associações de bairro a grandes indústrias, as mais diversas organizações possuem suas páginas na rede. O objetivo primário de quaisquer delas é a comunicação: informar sua existência, transmitir mensagens relacionadas à atividade que desenvolvem.

Um site não é necessariamente uma forma de publicidade ou marketing, mas estas são utilidades possíveis da ferramenta. Quando este é o caso, existem outras ferramentas de comunicação online que visam encurtar a distância entre o internauta e a organização: são os banners, pop ups, hotsites, emails, entre outros.

E é provável que o email, por várias razões, seja a mais poderosa das ferramentas aqui citadas. Afinal, em meio a uma terra de todos (ou de ninguém), o webmail costuma ser o primeiro espaço privado de um internauta na rede. Atualmente os emails são gratuitos, fáceis de criar e com uma capacidade de armazenamento enorme. Por email são tratados os mais variados assuntos, se pode recomendar algo, divulgar um evento e, ainda que não diretamente, comprar e vender coisas.

Por ser uma forma de enviar mensagens objetivamente, o email se tornou um canal de colaboração online. Ao contrário de fóruns ou redes sociais onde todos os demais usuários podem ver o conteúdo das mensagens, o email é reservado, sigiloso. Por email os internautas podem compartilhar sites, fotos, informações sobre produtos, serviços, notícias, promoções, virais, etc.

Com um email o internauta pode também se cadastrar em newsletters sobre assuntos específicos, receber publicidade (ainda que não solicitada), correntes e pedidos de ajuda. Estes últimos, no entanto, são um artifício, ou melhor, uma armadilha para coletar dados na qual muitos internautas desavisados entram sem saber. É aí que a colaboração passa a ter outro significado. Ou seja, ao repassar aquele email para X pessoas a fim de ganhar sem concurso um celular da marca Y, você na verdade está colaborando para engrossar o mailing do hacker Z. Mailings como esse podem ser negociados e servirão para propagar spams que entulharão incontáveis caixas postais, inclusive a sua. Isto quando não tentam roubar seus dados e senhas!

Em suma, dia após dia assisto a voluntariedade altruísta de uns se transformar na lucratividade oportunista de outros. Nessa situação cabe como uma luva aquele provérbio cuja autoria eu desconheço, mas que diz assim "de boas intenções o inferno está cheio". Eis o milagre da multiplicação: o email que você encaminha hoje, transformar-se-á nos 50 spams que você receberá amanhã.